Como Agir em Meio a Crise no Mercado de Trabalho?
O que já era difícil está quase impossível. Conseguir um emprego em meio à crise tornou-se um verdadeiro drama para muita gente. O delicado momento por que passa a economia do país tem gerado demissões, reduzido a oferta de vagas e aumentado a concorrência. Entre os setores mais afetados estão a construção civil, a siderurgia e o varejo. Em meio a um cenário desanimador e sem solução a curto prazo, como o profissional deve agir para conseguir voltar ao mercado de trabalho? As medidas vão desde entregar o currículo no lugar certo até saber negociar um salário menor.
De acordo com gerente de recrutamento da Selecta (foto), Claudia Gasparini de Miranda, não adianta se desesperar e entregar dezenas de currículos em qualquer lugar. É preciso especificar a vaga pretendida. “O currículo precisa ser único, direcionado a uma única empresa. Portanto faça um para cada envio específico, destacando com clareza as experiências exigidas para a vaga ofertada”, explica.
Além disso, ela orienta diversificar as formas de colocar os dados profissionais a disposição das empresas, tais como redes sociais, antigos colegas de trabalho e faculdade, entre outros. E não há um momento específico para fazê-lo. A busca por uma oportunidade deve ser constante. A pessoa deve mostrar-se interessada pela vaga e à disposição da empresa. “O candidato deve estar disponível em qualquer horário. Mantenha a sua rede de contato sempre atualizada”, orienta a gerente.
O que fazer enquanto a vaga não vem?Enquanto a oportunidade não aprece, os consultores de carreiras são unânimes em afirmar que a melhor coisa a se fazer é manter o tempo ocupado e não se acomodar dentro de casa esperando um milagre, afinal, quem não aparece é esquecido rapidamente. “É importante participar de palestras (hoje existe a possibilidade de palestras gratuitas, realizadas pelos Conselhos de classes, fundações, faculdades), feiras, principalmente, a busca de trabalhos voluntários”, ressalta Miranda.
A consultora de recursos humanos da Psicoespaço, Juliana Cardoso, reforça a importância de se fazer cursos de capacitação enquanto o emprego não vem. “A capacitação sempre é a melhor alternativa. Fazer cursos de idiomas, informática, específicos da área de atuação são sempre bem vindos”, enfatiza.
Negociação em meio a criseQuem deseja voltar ao mercado precisa estar aberto a novas possibilidades, seja na área de atuação seja com um salário menor. Mesmo que de forma temporária, o profissional desempregado pode ter que trabalhar em uma função diferente da que fazia e aceitar ganhar menos por isso. A medida será importante não apenas para ter dinheiro para pagar as contas como também voltar a ser visto pelo mercado e, claro, manter a cabeça ativa, melhorando com isso, a autoestima.
“Diante do momento o importante é reingressar ao mercado de trabalho e mostrar seu potencial para conquistar o que você almeja. E não há problemas em trabalhar em outra área diferente da sua, desde que ela faça parte do seu arsenal de competência e que você se destaque”, afirma Claudia Gasparini.
Trabalhar em outra área pode, inclusive, ser positivo para o profissional, já que ele aprenderá outras atividades que poderão melhorar seu currículo. “O que importa é voltar para o mercado de trabalho e a negociação faz parte. Trabalhar em outra área também pode ser uma alternativa para aprender novos conceitos, novas ferramentas”, justifica Juliana Cardoso.
Idade avançadaAo contrário do que muita gente pensa, nem sempre ter mais de 35 anos de idade pode ser um problema na busca por uma vaga. Muitas empresas até preferem profissionais mais experientes, com maturidade para assumir determinadas funções. “A maturidade pessoal e profissional é muito procurada pelas empresas. A escola da vida trata muitas áreas e isso é bem visto num processo seletivo. Essa maturidade adquirida com a experiência profissional, visão mais estratégica, objetivos definidos destacam-se de uma forma positiva”, garante a consultora da Psicoespaço.
Contudo, independentemente da idade ou da classe social, o mais importante, segundo orientação dos consultores de carreira, é não perder o foco e não desanimar. Profissionais com semblante cansado, triste e abatido não agradam nas entrevistas de emprego e podem causar péssima impressão na hora de entregar um currículo pessoalmente. As vagas diminuíram, mas as oportunidades não acabaram. A sua chance pode estar mais perto do que você pensa. E quando isso acontecer é bom estar preparado.
COMO AGIR EM MEIO A CRISE NO MERCADO DE TRABALHO
ENTREGA DO CURRÍCULO: não saia entregando ou enviando currículo de qualquer maneira em qualquer lugar. Isso mostra desespero e não competência, além de aumentar a frustração de não ser chamado para uma entrevista. Procure lugares onde suas experiências profissionais e acadêmicas podem ser úteis. Além disso, é fundamental especificar no currículo as qualidades e atividades que você realizou e que têm a ver com a vaga pretendida. Dependendo da situação, será preciso fazer um currículo diferente e específico para cada tipo de empresa. E jamais envie para várias pessoas ao mesmo tempo. Para quem recebe, passa a imagem de um profissional que não se valoriza e aceita fazer qualquer coisa. Em alguns casos, é melhor entregar o currículo pessoalmente, pois abre chances de conversar com o contratante, e por email, pode ir direto para o lixo.
CADASTRO ONLINE: invista em sites de recrutamento e seleção, e de carreiras como o LinkedIn, entre no site das grandes empresas e se cadastre, mas mantenha o currículo sempre atualizado. Toda vez que você muda alguma coisa nele, o sistema no computador entende que você ainda está vivo e que está a disposição para uma oportunidade. Use palavras corporativas para que, assim, você seja encontrado por meio do radar de buscas.
CONTATOS: não tenha vergonha de pedir uma oportunidade. O máximo que pode acontecer é você ouvir um não. Entre em contato com amigos, parentes, vizinhos, colegas de igreja e da academia, ex chefes, gestores de empresas, gerentes de loja, enfim, não abra mão de ninguém. Muitos empregos surgem e não são anunciados nos classificados. As pessoas entram por indicação. Recorra não apenas ao Facebook e ao WhatsApp, mas ligue ou converse pessoalmente. Nada substitui o contato olho no olho.
NÃO FIQUE OCIOSO: tempo é dinheiro até quando você está desempregado. Enquanto o emprego não vem, procure fazer outra coisa tal como cursos de qualificação. As prefeituras e alguns órgãos como Senac e Senai oferecem cursos de baixo custo e até gratuitos. Além disso, há congressos, fóruns, debates, feiras, enfim, lugares onde não só é possível aumentar o conhecimento como também fazer contatos profissionais. Quanto mais parado ficar dentro de casa, mais desanimado e para baixo ficará. Mas nada disso cairá do céu. Você precisa reagir e procurar.
NEGOCIAÇÃO: sim, você precisará aceitar um salário menor do que o que ganhava. E talvez seja preciso trabalhar em uma área diferente da que estudou ou tem experiência. Mas veja isso de forma positiva. Além de aprender coisas novas, você estará de volta ao jogo do mercado de trabalho, pois quem fica em casa é facilmente esquecido. E nada lhe impede de estar de olho em outras coisas melhores enquanto estiver trabalhando em uma área diferente de sua profissão. Lembre-se: é passageiro e será importante ter um salário no final do mês para pagar as contas, manter a autoestima elevada e dormir mais tranquilo.
FAMÍLIA E FINANÇAS: nesse momento é fundamental conversar com a família e reorganizar as finanças. Reduzir o número de saídas para festas e passeios aos finais de semana, optar por produtos mais baratos no supermercado, economizar dentro de casa com água, luz, internet, telefone e combustível, adiar alguns projetos para evitar despesas extras, e principalmente, aumentar o vínculo de amizade com a família para que, juntos, consigam passar por essa fase difícil, sem brigas nem cobranças.
Fonte: (Folha Vitória)
